A arquitetura volta à programação do CCB nos 20 anos do Centro Cultural de Belém. A primeira é “ARX: Arquivo”, passeio pelos 20 anos de experiência do ateliê de José e Nuno Mateus e pela maneira como pensam os seus edifícios, inaugurada hoje. Com um piscar de olhos a 1993.
José e Nuno Mateus, jovens promessas da arquitetura então, assinavam a instalação sonora “Realidade Real” que esteve em exposição na inauguração do Centro Cultural de Belém. Uma referência que não passou despercebida na hora de escolher qual seria a primeira exposição produzida pelo CCB para a Garagem Sul, antigo parque de estacionamento convertido em espaço dedicado a exposições.
“ARX: Arquivo” resgata a memória dos dois arquitetos a partir das suas maquetas. Estavam encaixotadas no ateliê dos arquitetos, mas a partir de hoje podem ser vistas espalhadas em 241 caixas de bétula sobre cavaletes desenhadas por José e Nuno Mateus. “Gabinete de curiosidades”, chama-lhe o curador da exposição, Luís Santiago Baptista. Objetivo: “Mostrar o espólio, não só como investigação mas mostrando também avanços e recuos.” José Mateus sublinha: “Muitas vezes mostra-se um esquisso final ou um desenho-chave e já está mas não é só isso.”
A ideia é “mostrar o arquiteto a pensar”, diz Santiago Baptista. José Mateus esclarece: “Há muitos falhanços, avanços e recuos. Parece que vamos fazer uma coisa mas há uma desistência”.
Nuno Mateus aponta, por exemplo, as múltiplas maquetes que foram feitas para o aquário do Museu Marítimo de Ílhavo, que já tinha sido desenhado pelos dois arquitetos. Uma fila completa de caixas, e dentro delas pequenas maquetes, mostra todos os passos que foram dados.
O percurso da exposição, com as maquetas dos edifícios que foram realmente construídos pendurados dão também um noção da história do ateliê ARX, que surpreendeu o próprio José Mateus. “O Museu Marítimo de Ílhavo que está a meio destes 20 anos [cerca de 1997] está muito lá ao fundo. Trabalhamos mais do triplo nos últimos dez anos.”
Contextualizando o trabalho dos arquitetos, há uma parede de 60 metros de comprimento carregada de referências do coletivo ARX (desenhos, artistas e obras), um “Atlas que procura atravessar o trabalho e explica esta produção”, sublinha Luís Santiago Baptista. No lado oposto, cinco filmes assinados pelo arquiteto Carlos Gomes que mostram o aquário do Museu Marítimo de Ílhavo, o centro comercial Fórum Sintra, o Conservatório de Cascais, uma escolha de Caneças e Centro Regional de Sangue de Coimbra depois de habitados.
A exposição pode ser vista até 27 de julho.
Fonte: DN