Pavilhão do Conhecimento dos Mares

Descrição

Quando em 1995 fomos convidados para o primeiro concurso que daria acesso a uma das exposições temáticas da Expo 98, estávamos longe de suspeitar a tremenda complexidade do processo em que nos veríamos envolvidos. Ao longo de dois anos, o projecto evoluiu e foi obrigando a uma atitude de permanente autocrítica e revisão, tanto conceptual como dos próprios processos, ou, simplesmente, investigação metodológica. O ponto de partida foi um guião previamente preparado pela Expo 98. A exposição encontra aí o princípio da sua fundamentação como evento comunicativo, narrativo, composto por diversos capítulos. Tratava-se de contar a história da evolução do “Conhecimento” do Homem, como reflexo do seu progressivo conhecimento dos mares.Havia ainda que levar em consideração a natureza singular do edifício-suporte, hoje chamado Museu do Conhecimento, cuja concepção seguia em paralelo com a da exposição. Salvo poucas excepções, era pensado como uma sequência de espaços-caixa relativamente neutros, obscurecíveis e que, no limite, poderiam ser encarados como palcos de um espectáculo.

Por fim, uma afluência máxima estimada de 2100 pessoas/hora (atingiu 2400), oriundas dos mais diversos países, faixas etárias, extractos sociais, percorreria a sequência de espaços em 45 minutos, numa média de 6-7 minutos por sala. A comunicação escrita e a interactividade, usuais em exposições convencionais, estavam forçosamente excluídas.Mantendo a sua estrutura inicial, o guião foi sofrendo sucessivas adaptações, evoluções emergentes do debate, muitas vezes polémico, em torno de cada solução expositiva. No decorrer desse período, centenas de reuniões entre a nossa equipa de 18 especialidades(!) e a Expo, foram produzindo os necessários impulsos até ao que viria a ser construído. Que, no fundo, era primordialmente um complexo exercício de comunicação.

Poucos projectos levantariam tanto a questão da linguagem como comunicação, como esta exposição temática que pretendia  veicular um conjunto de noções e de eventos. Através da natureza dos cenários, da luz, do som, dos estímulos criados e dos objectos expostos, sem recurso a texto ou a qualquer explicação, a atmosfera de cada sala deveria “submergir“ o visitante num determinado tema.

Mais do que tentar descrever ou dissecar a exposição em si, que poderia resultar em leituras falhas, pobres e redutoras do texto-exposição, neste projecto interessa-nos sobretudo referir as questões levantadas pelo acto de projectar e tudo aquilo que o envolveu ou determinou.O texto que o arquitecto deixa, é a própria exposição. A(s) leitura(s) desta deverão emergir naturalmente da experiência (individual) do próprio evento. Só assim se compreendem verdadeiramente, ganham sentido ou significado.